O jornal Público do sábado passado continha um curioso artigo de título “A zona cinzenta (ou como amar um assassino)” onde a conhecida Carmen Garcia, que tem dezenas de milhares de seguidores, comentou o anormalmente elevado número de mulheres que se apaixonaram por conhecidos assassinos e onde se pode ler que “a maioria destas mulheres acredita ter encontrado o lado bom do criminoso“
É pena porém que a Carmen Garcia não se tenha perguntado se isso só sucede nos Estados Unidos. E sobre essa possibilidade, nada dispicienda, convém ter presente o teor do artigo publicado na revista Agression Behavior, cujo título utilizei no título do presente post e que divulguei há um ano atrás aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/01/brains-brawn-and-beauty-complementary.htm
E já agora também o facto de no inicio da década de 90, Clint Eastwood ter sido actor e director de Imperdoável, um dos seus melhores filmes, que recebeu 4 óscares (incluindo o de melhor filme) cujo protagonista é Wiliam Munny, homem mau, de vida dissoluta, famoso assassino que alegadamente matou mulheres e crianças, e que por um estranho milagre se torna “bom” depois de se ter casado.
Não certamente por acaso o European Journal of American Studies contém um interessante artigo sobre o referido filme de onde reproduzo um trecho, que a meu ver, ajuda a perceber a atracção pela violência da sociedade Americana e quem sabe também a bizarra paixão de mulheres daquele país por conhecidos assassinos, mencionada no artigo da Carmen Garcia: “a world-view in which morality is absent, chance rules, and things are just what they are, devoid of a function, a purpose…nature is neither good nor bad, nor does it do things for reasons, nature just is, and in being imposes itself…Be that as it may, the fact remains that it makes little sense to talk of Munny as representing any kind of metaphysical entity. He is nature through and through”