O desespero e as inverdades vergonhosas do Reitor da Universidade de Coimbra

Na primeira semana do passado mês de Agosto, o Reitor Amílcar Falcão, da Universidade de Coimbra, foi autor de um pouco inspirado artigo no jornal Público, onde tentou sem sucesso defender o indefensável, as virtudes da endogamia académica. Na altura comentei esse artigo no post de titulo “Nas asas da hipocrisia: O pouco magnífico Falcão no ninho quente da endogamia” https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/08/nas-asas-da-hipocrisia-o-pouco.html

Só por desespero se pode compreender que o mesmo Reitor Falcão venha hoje novamente, com os mesmos requentados argumentos, queixar-se da legislação do Governo, a qual recorde-se, pretende combater o grave problema da endogamia académica, embora de forma muito suave, inibindo durante apenas três anos, as unidades orgânicas com as mais elevadas percentagens de endogamia (acima de 60%) de contratarem os seus doutorados. 

Afirma o Reitor Falcão que a solução mágica passa pela formulação de editais magníficos escritos por anjos, que jura ele impedirão toda e qualquer manipulação concursal, fazendo assim por esquecer, a grave denúncia feita por um conhecido catedrático e também aquilo que uma conhecida investigadora-coordenadora, doutorada pela universidade de Oxford, denunciou no Expresso, que na maioria dos concursos académicos em Portugal vigora o princípio, “hoje votas no candidato que me interessa a mim e amanhã eu voto no candidato que te interessa a ti”.

A parte mais lamentável do artigo do Reitor da universidade de Coimbra, é quando aquele afirma sem qualquer prova, que a legislação já aprovada em Conselho de Ministros e que agora irá ser debatida na Assembleia da República, irá prejudicar todas as universidades, excepto aquelas localizadas em Lisboa. Trata-se de uma inverdade absolutamente descarada, que sem dúvida envergonha todos os catedráticos da universidade de Coimbra. Excepto, claro, aqueles a quem a endogamia académica tem dado muito jeito. 

PS – Em 2017 concorri a uma vaga de professor catedrático na universidade Sueca de Uppsala. Naquela famosa universidade (que integra o Top 100 do ranking Shanghai) a selecção dos candidatos que passam à fase final é feita por catedráticos de universidades de outros países, vide relatório de 22 páginas acessível no link https://www.docdroid.net/ONpHyGk/review-by-aalto-university-expert-pdf E a única razão porque as universidades Portuguesas não copiam essa prática é porque isso levaria a que candidatos “da casa”, com fortes cunhas (é o próprio Reitor Falcão, no seu artigo, que admite que elas existem), não conseguissem chegar à fase final. 

O paradoxo (e os danosos malefícios) da invisibilidade e da inexistência científica

A pergunta “Se uma árvore cai numa floresta onde não há ninguém para ouvir, ela faz barulho?” costuma ter como resposta clássica que o impacto da sua queda gera vibrações sonoras, que, caso houvesse alguém presente com a necessária capacidade auditiva, seriam percebidas como som. Contudo o barulho só existe na presença de um observador; na ausência deste, existem apenas ondas sonoras, desprovidas de percepção consciente.

De forma análoga, um cientista que faz um estudo que é ignorado pela comunidade científica assemelha-se a uma árvore que cai no meio da floresta. Do ponto de vista factual, o estudo existe: a metodologia foi aplicada e os resultados foram registados — tal como a árvore também produziu ondas sonoras. Porém no plano da percepção, o estudo comporta-se como se não tivesse ocorrido: ninguém demonstrou qualquer interesse por ele. O seu impacto foi por isso nulo. E neste contexto é importante recordar que os cientistas que não causam impacto não são nesse contexto apenas invisíveis, são desprovidos de existência, pelo menos a fazer fé nas declarações do conhecido cientista Carlo Rovelli https://pachecotorgal.com/2022/06/08/interactions-as-a-paramount-existential-principle-and-the-scientists-who-do-not-exist/

O problema de haver cientistas invisíveis ou inexistentes é em primeiro lugar um problema de desperdício de recursos, pois os recursos consumidos por aqueles, sem qualquer retorno digno desse nome, são desviados de outros cientistas que os poderiam valorizar. Mas muito mais grave do que isso, a ciência já demonstrou, que os referidos cientistas (invisíveis e inexistentes) prejudicam de forma irreversível a carreira de jovens cientistas  https://pachecotorgal.com/2024/08/16/o-melhor-conselho-que-se-pode-dar-a-um-jovem-investigador-fuja-como-o-diabo-da-cruz-dos-catedraticos-de-obra-irrelevante/

Scientific Publishing Without Gatekeeping: Radical Reforms in Academic Publishing

In 2023, eLife introduced a “publish, then review” model, fundamentally transforming its editorial and peer review process. This innovative system replaces the traditional gatekeeping approach, in which manuscripts were either accepted or rejected prior to publication. Under the new model, submissions that pass an initial editorial triage are published directly as preprints and subsequently subjected to open, public peer review. 

A recent study conducted by three German researchers examined the implications of this reform for eLife’s editorial outcomes. Their analysis revealed only minimal differences between manuscripts reviewed under the traditional system and those processed under the new “publish, then review” model. Nonetheless, one of their recommendations was to enhance the robustness of the review process by increasing the number of reviewers per manuscript—from the current average of 2.7 to approximately three or four. https://link.springer.com/article/10.1007/s11192-025-05422-y#Sec15

However, this proposal raises important concerns. The global peer review system is under significant strain, driven by structural challenges inherent to academia itself. Chief among these are widespread reviewer fatigue—caused by the growing volume of manuscript submissions—and the persistent undervaluation of peer review as a meaningful scholarly contribution. (Fox et al., 2017; Ellwanger et al., 2020; Severin & Chataway, 2021; Horta & Jung, 2024; Beecher & Wang, 2025). Expanding the number of required reviewers per paper, without addressing these underlying structural problems, could exacerbate the existing shortage.

One potential remedy, as proposed in an article published by Times Higher Education, is to introduce a more radical and accountability-based approach: journals could adopt a policy of automatically rejecting submissions from authors who consistently publish substantially more papers than the number of peer reviews they contribute. Such a measure would help realign incentives, fostering a more equitable distribution of the reviewing burden while reinforcing peer review as a collective academic responsibility. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/a-radical-solution-to-solve-crisis-in.html

Declaration of Competing Interests — My reviewing activity averages about 90 papers per year, a volume confirmed by Web of Science reviewer records.

Um concurso na U.Aveiro envolvendo uma relação de “grande intimidade” entre um jurado e as duas únicas candidatas admitidas

Um investigador sénior, titular de um currículo cientifico muito robusto, que actualmente trabalha na Universidade de Coimbra, trouxe ao meu conhecimento que concorreu a um lugar de investigador na universidade de Aveiro, tendo sido excluído do mesmo, muito embora tivesse havido um membro do júri desse concurso, de nome José Luís dos Santos, que merece profundo elogio, por muito corajosamente ter votado contra essa exclusão. 

A parte mais interessante é que as duas únicas candidatas admitidas a esse concurso não só já trabalham naquela instituição (um tributo à endogamia), como partilham com um dos jurados uma larga maioria de publicações (das 33 publicações produzidas por essas candidatas 29 levam o nome desse jurado). Facto esse que de acordo com um Acórdão do TCA 2305/15.7BELSB revela uma relação profissional de grande intimidade, que fragiliza de forma irreversível a necessária imagem de independência do júri do concurso. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/09/qual-etica-de-um-catedratico-que-aceita.html

A contestação à decisão de exclusão desse concurso e bem assim a análise das publicações das duas únicas candidatas admitidas ao mesmo, foi feita de modo particularmente exaustivo no documento de 42 páginas, que foi enviado ao Reitor da Universidade de Aveiro e que está acessível no link https://drive.google.com/file/d/1KT6SQ6Ut3zNBEZ7vfTPhH07YWrNawGRG/view?usp=sharing

PS – Sobre a endogamia académica que favorece os candidatos caseiros e que prejudica candidatos excelentes, só pelo facto de não pertencerem à casa ou de não terem feito favores à casta (deputado Rui Tavares dixit) vale a pena revisitar o post de 11 de Agosto https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/08/nas-asas-da-hipocrisia-o-pouco.html

A nova proeza da universidade acelerada por esteroides

https://pachecotorgal.com/2025/09/09/a-universidade-acelerada-por-esteroides/

Relativamente à universidade Portuguesa que no inicio do mês de Setembro foi mencionada no post supra, por conta do seu desempenho no ranking mais prestigiado de universidades a nível mundial – o único que contabiliza prémios Nobel – acaba de saber-se, agora relativamente ao ranking de investigadores mais prestigiado (Elsevier-Stanford), que muito embora aquela universidade não tenha nenhum investigador no Top 0.5%, como divulguei aqui https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/09/uaveiro-uminho-e-uporto-no-podio-do-top.html ainda assim merece referência o facto da mesma possuir um rácio de investigadores no Top 2% por docente ETI, que é apenas ligeiramente inferior ao da Universidade do Minho, o que é uma prova inequívoca de uma competitividade científica em clara e promissora ascensão.

PS – A referida universidade já teve um investigador no Top 0.5%, mas não foi capaz de o “reter” e ele trabalha agora para aumentar a competitividade científica da Universidade do Porto, onde é professor catedrático. https://www.scopus.com/authid/detail.uri?authorId=57204848031

Acaba de ser revelado o conhecido ranking de cientistas Elsevier-Stanford 2025

Relativamente à universidade do Minho, os 5 melhores classificados na lista carreira do ranking Elsevier-Stanford são, o catedrático Nuno Peres, o catedrático Paulo Lourenço, o catedrático Rui Reis, o investigador dono deste blogue e o catedrático Nuno Carvalho Sousa, em posições que no referido ranking correspondem ao subgrupo top 0.5% https://elsevier.digitalcommonsdata.com/datasets/btchxktzyw/8

É importante reafirmar que se trata-se do único ranking mundial de investigadores que consegue cumprir três condições fundamentais, e que além disso inclui 90% dos prémios Nobel:  

Primeira – Ser baseado na Scopus ou na Web of Science, para assim permitir a desambiguação de publicações (existem milhares de perfis “contaminados” no Google Académico com publicações de outros autores) e evitar também o lixo “científico” de citações em publicações não revistas por pares, cujo número explodiu nos últimos anos, e que existem em abundância/excesso nessa última plataforma, que é conhecida por aceitar tudo, rigorosamente tudo, até publicações geradas por IA, sem qualquer contributo humano.

Segunda ​- Ser capaz de remover o efeito da terrível praga das auto-citações, em que muitos cientistas se tornaram verdadeiros especialistas​ ​https://www.nature.com/articles/d41586-019-02479-7

Terceira ​- Ser capaz de anular a vantagem artificial e perniciosa das citações em publicações com centenas ou milhares de co-autores, utilizando para esse efeito a contagem fraccionada, sugerida pela primeira vez em 2008 pelo Alemão Schreiber e mais recentemente por Koltun e outros. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/evaluating-researchers-in-fast-and.html

PS – Note-se que nem sequer o conhecido ranking da Clarivate Analytics (o primeiro ranking de cientistas que existiu a nível mundial) consegue cumprir todas as referidas três condições e pior do que isso, descredibiliza-se de forma flagrante por incluir somente 10% dos prémios Nobel, o que constitui uma falha muito grave https://pachecotorgal.com/2025/01/24/whats-the-value-of-a-scientist-ranking-that-excludes-90-of-nobel-laureates/

O futuro bastante negro dos estudantes que agora ingressam num curso de medicina

https://pachecotorgal.com/2025/07/01/o-desemprego-massivo-de-medicos-vai-chegar-mais-depressa-do-que-se-imaginava/

Ainda na sequência do post anterior de título “O desemprego massivo de médicos vai chegar mais depressa do que se imaginava”, onde revelei um estudo da Microsoft que demonstrou que a IA consegue acertar em mais de 80% dos diagnósticos clínicos complexos, contra apenas 20% de médicos experientes e um outro estudo da universidade Johns Hopkins que desenvolveu um modelo de IA capaz de prever ataques cardíacos fatais com até 93% de precisão, atente-se agora nas capacidades de um novo modelo de IA (Delphi-2M) que consegue prever o risco do aparecimento de mais de mil doenças com várias décadas de antecedência https://www.publico.pt/2025/09/17/ciencia/noticia/modelo-ia-preve-risco-mil-doencas-decadas-antecedencia-2147539 

E se este é actualmente o estado da arte da IA generativa quando ainda nem sequer passaram três anos desde que o modelo ChatGPT foi tornado público, é legítimo questionar qual será o nível de sofisticação de futuros modelos de IA com aplicações na área da medicina, daqui a seis anos, que é o tempo da formação inicial de um curso de medicina (já para não falar dos anos subsequentes necessários para se obter a especialidade) e a elevada probabilidade desses modelos contribuírem para obsolescência ou, pelo menos, para a redundância de muitas especialidades da profissão médica.

A primeira consequência positiva desse cenário maravilhoso será o afastamento de “médicos” que ingressaram nessa profissão sem qualquer vocação (manifestando até repulsa pelo contacto com doentes), movidos apenas pela oportunidade de se tornarem milionários. E igualmente, será uma oportunidade para expurgar dessa profissão os inúmeros casos de incompetência grosseira, como aquele médico que fazia ecografias em apenas cinco minutos ou aqueles muitos a quem foram levantados milhares de processos disciplinares que nunca mais estão concluídos e quando finalmente são concluídos, ao fim de mais de uma década, resultam em penas disciplinares ridículas, como neste caso aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/01/12-anos-para-condenar-um-medico-para.html

PS – O jornal Público revela hoje um estudo sobre o ChatGPT que revela que no último ano as mulheres ultrapassaram os homens na utilização daquele modelo de IA https://www.publico.pt/2025/09/18/enter/noticia/chatgpt-usado-mulheres-maior-crescimento-paises-pobres-2147583?ref=hp&cx=ultimas_1

Breakthroughs Beyond Boundaries: How Oscillation, Reflection, and Risk-Taking Forge the Next Era of Innovation

https://pachecotorgal.com/2025/05/20/blueprints-of-breakthroughs-tracking-the-unseen-origins-of-tech-revolutions/

Following a previous post titled “Blueprints of Breakthroughs: Tracking the Unseen Origins of Tech Revolutions” (linked above), it’s worth highlighting a recent paper in Research Policy that takes a deep dive into NASA’s Space Shuttle program. The study asks a compelling question: “How do organizations attain the aspiration level of each product performance attribute to create breakthrough inventions? The authors show that organizations rarely move linearly toward achieving performance goals (“aspiration levels”) for individual attributes. Instead, breakthrough development unfolds through two tightly interlinked mechanisms: Oscillation and Accumulation. 

Oscillation is basically taking a step away from a design goal and then coming back — a way to test how one feature affects all the others. Accumulation, on the other hand, is the slow gathering of multiple design goals across different versions, and it doesn’t happen in a straight line: some features hit their targets, then miss, then hit again as the design evolves. NASA’s shuttle program moved back and forth between these two approaches. Oscillations, like switching fuel types or changing payload targets, uncovered important trade-offs and connections between features, while accumulation phases pulled together the most promising combinations, like external tanks, jettisonable boosters, and reusable orbiters.

The study drives home a crucial insight: breakthroughs do not arise from random trial-and-error or from blindly following a linear path toward predefined goals. Instead, they unfold through a deliberate, almost rhythmic process of exploration and consolidation. At each step, designers experiment, probe, and test, generating valuable knowledge that informs subsequent decisions and gradually shapes a system that works as a whole. This approach produces what the authors describe as “satisficing” solutions — designs that are effective and functional at the system level, even if they fall short of unattainable perfection

Although NASA’s shuttle program provides a vivid historical example, the principles behind this approach are far more widely applicable. The researchers emphasize that the same dynamics could guide other organizations seeking complex, multi-attribute innovations. Moreover, emerging tools such as artificial intelligence and open-innovation practices have the potential to fundamentally reshape the way oscillation and accumulation are carried out, enabling organizations to accelerate the discovery process and move more efficiently toward the next generation of breakthrough inventions. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048733325001428#s0200

Cheats – O estranho mistério que envolve o Reitor que defende até à morte a endogamia

Depois do Reitor Falcão ter envergonhado os melhores investigadores da comunidade académica Coimbrã, que são vitimas involuntárias de trabalharem num universidade campeã nacional de endogamia, ao defender no jornal Público que esse título vergonhoso não era culpa da instituição que dirige, mas alegadamente culpa dos sucessivos Governos, com recurso a uma “argumentação” hipócrita que eu critiquei no próprio dia https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/08/nas-asas-da-hipocrisia-o-pouco.html 

Hipocrisia essa que o catedrático da Nova SBE Pedro Santa Clara, também depois não deixou passar em branco, tendo num post do Linkedin “esfregado na cara” do Reitor Falcão que se de facto há universidades Portuguesas com elevadas percentagens de endogamia isso é culpa única e exclusiva das próprias, eis que agora o mesmo Reitor Falcão, na sua luta incansável da defesa da endogamia, inventou uma nova argumentação de teor pateticamente conspirativo, garante ele que a tal medida deste Governo que pretende reduzir a endogamia  (bastante modesta por sinal) vai afinal favorecer as Universidades do Porto e de Lisboa.

Mais uma vez e infelizmente para ele, também essa afirmação é muito pouco rigorosa, pois esquece de forma muito conveniente e oportunista que aquelas duas universidades também tem níveis de endogamia bastante elevados e que por isso serão afectadas pela tal medida legislativa exatamente da mesma forma que a universidade de Coimbra https://www.asbeiras.pt/reitor-acusa-ministro-da-educacao-de-defender-medida-centralista-no-rjies/ Mas essas declarações pouco ajuizadas tem pelo menos o mérito de revelar a imensa confusão que vai na cabeça do Reitor Falcão, que acha que a endogamia é um beneficio ! A não ser que ele estivesse a pensar no beneficio (ilegítimo), que há alguns anos atrás foi criticado por um magistrado aposentado no seu blogue https://portadaloja.blogspot.com/2020/02/a-licao-de-coimbra-e-italiana.html

Em boa verdade a unidade orgânica que irá em tese ser mais “favorecida” pela referida medida legislativa é precisamente a Nova SBE, sucede porém que aquela instituição e como bem explicou o catedrático Pedro Santa-Clara, não está minimamente interessada nesse “beneficio” (dos seus catedráticos poderem contratar os seus filhinhos), porque desde 1995, replica aquilo que se faz nas melhores universidades deste Planeta, só contratando doutorados de outras universidades, evitando assim os malefícios vários da endogamia, que vários catedráticos já denunciaram de forma bastante exaustiva, utilizando palavras como mediocridade, corrupção e redes clientelares https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/endogamia-academica-e-viciacao-concursal.html

Aqui chegados e tendo em conta que o Reitor Amílcar Falcão ousadamente se assume como um exemplo absoluto do mérito faz sentido perguntar, porque é que uma consulta do seu perfil na Web of Science, não permite descobrir uma única revisão confirmada, o que atento aquilo que foi dito por dois catedráticos estrangeiros (e que eu recordei no post infra) constitui algo próprio de alguém que a língua inglesa define como “Cheats” ? https://pachecotorgal.com/2025/07/06/dissecar-a-vantagem-artificial-da-velhice-de-um-campeao-universitario-portugues/

A imparável fuga nacional para o “novo paraíso académico dos jovens portugueses”

“Aos 18 anos, Eugénio Neri foi o segundo colocado no curso com a média mais exigente em Portugal: Engenharia Aeroespacial, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Entrou com 199,0 valores. No entanto, escolheu não se matricular e deixou uma vaga em aberto. Preferiu rumar além-fronteiras e prosseguir estudos na TU Delft, nos Países Baixos” https://www.publico.pt/2025/09/14/p3/noticia/propinas-baixas-ensino-ingles-paises-baixos-sao-novo-paraiso-academico-jovens-portugueses-2145876

O extrato supra inicia hoje um interessante artigo que integra a edição diária do jornal Público. Nele se fica a saber que se antes do Brexit milhares de estudantes Portugueses escolhiam o Reino Unido para obter uma formação universitária, agora a preferência da juventude nacional vai para os Países Baixos. 

Lamentável é porém constatar, a partir das declarações do tal aluno, que ingressou com quase 20 valores na universidade do Porto, que ele acha que tanto essa universidades como a TU Delft estão ao mesmo nível, o que mostra que ele pode até saber muito sobre as matérias sobre as quais foi avaliado, mas sabe muito pouco sobre o desempenho de diferentes universidades. 

Não só a TU Delft tem melhor classificação do que a U.Porto no ranking mais prestigiado que existe a nível mundial (ranking Shanghai), mas no caso concreto do curso de engenharia aeroespecial, enquanto que a TU Delft tem o 11º melhor curso a nível mundial, já o mesmo curso na universidade do Porto, não consegue sequer aparecer entre os 50 melhores. 

Aliás, se um aluno tão inteligente, ignora essa informação por certo o mesmo acontecerá com a esmagadora maioria dos alunos que agora ingressam no ensino superior, sendo até altamente provável que eles não saibam sequer em que universidades Portuguesas estão os cursos internacionalmente mais competitivos, vide lista https://pachecotorgal.com/2024/11/13/listagem-de-46-areas-com-mais-prestigio-cientifico-internacional-nas-universidades-e-politecnicos-de-portugal/

PS – O que é um facto indesmentível é que  nenhuma universidade Holandesa possui os elevadíssimos níveis de endogamia académica que existem em todas as universidades Portuguesas, pelo que faço votos que a modesta proposta deste Governo, no sentido de limitar as contratações endogâmicas (infelizmente) apenas nas unidades orgânicas com percentagens de endogamia acima de 60% contribua para mitigar esse problema https://pachecotorgal.com/2025/07/12/a-proposta-do-governo-para-combater-o-cancro-academico/