Conhecido professor catedrático volta a insistir na necessidade de eliminação do IRS e do IRC

Na secção de economia da última edição do semanário Expresso o catedrático da prestigiada LSE, Ricardo Reis, escreveu sobre as virtudes de subir impostos sobre o consumo, como moeda de troca para eliminar o IRS e o IRC, já que segundo ele, é mais fácil, eficaz e eficiente taxar o consumo em vez dos rendimentos. Além do que acrescentou ele “O imposto sobre o consumo deixa de fora as poupanças…protege a acumulação de capital humano e físico que se exige numa economia do conhecimento” https://expresso.pt/opiniao/2025-12-11-taxar-o-consumo-454ef1ba

Faço notar que em 2020 o referido catedrático já tinha escrito exactamente sobre o mesmo tema, tendo eu na altura comentado o seu artigo aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/uma-proposta-radical-para-acabar-com-o.html o que mostra não só uma coerência que consegiu resistiu ao passar dos anos mas também uma vontade indómita de convencer os seus leitores sobre a validade e a bondade da medida referida. 

Pessoalmente, confesso que fiquei convencido logo em 2019, quando li um artigo do agora catedrático da Universidade do Minho, Luís Aguiar-Conraria, que nesse ano escreveu sobre a ineficiência dos impostos sobre os rendimentos e sobre a hipótese de aumentar substancialmente o IVA para permitir a eliminação do IRS e do IRC https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/acabar-com-o-irsparte-2.html

Uma coisa é certa porém, apesar das muitas virtudes que a medida supracitada possa apresentar, ela não consegue resolver, no curto prazo — e, no longo prazo estamos todos mortos (Keynes dixit) — o gravíssimo problema que o famoso catedrático Thomas Piketty descreve numa entrevista publicada ontem no site da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, que é o privilégio infame das grandes fortunas que não pagam impostos, advertindo que isso foi exactamente o que sucedeu na França há alguns séculos atrás, e que terminou, como se sabe, com abundante derramamento de sangue. https://aepet.org.br/noticia/thomas-piketty-estamos-em-uma-situacao-semelhante-a-que-levou-a-revolucao-francesa-2/

PS – Alguns, em Portugal, poderão questionar a pertinência de uma associação brasileira, representativa de milhares de engenheiros, se envolver num tema que, à primeira vista, parecer interessar sobretudo a fiscalistas e economistas. Tal posição, porém, revela desde logo um desconhecimento do que estabelecem os Estatutos da Ordem dos Engenheiros Portuguesa, onde, logo no n.º 1 do artigo 4.º, se afirma que “a Ordem tem como escopo fundamental contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade…”. Ora, é evidente que não pode haver verdadeiro desenvolvimento sustentável quando apenas alguns pagam impostos — e, mais grave ainda, quando são precisamente os detentores das maiores fortunas aqueles que, proporcionalmente, menos contribuem para o esforço coletivo. É, por isso, particularmente meritória a iniciativa dos referidos Engenheiros Brasileiros, ao envolverem-se num tema crucial, que no mínimo dos mínimos faz prova que muitos engenheiros brasileiros não vivem numa bolha hermética, desligados dos grandes problemas que preocupam o cidadão comum. Isto já para não falar, que há quem, como um conhecido professor catedrático de estruturas da Universidade Nova de Lisboa, aposentado há vários anos e com quem troquei centenas de emails ao longo de quase duas décadas, seja muito critico sobre os engenheiros que vivem na sua bolha de engenharia, e que ele de forma muito pouco simpática e até bastante ácida apelida de inúteis.  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/universidade-nova-de-lisboa-quem-nao.html

Conseguir alcançar 104 milhões de euros: Será que a UBI está realmente de parabéns ?

A universidade da Beira Interior acaba de divulgar que  está no 19.º (décimo nono) lugar no Ranking das Universidades Empreendedoras de Portugal, por conta do facto de ter 66 (sessenta e seis) startups fundadas por Alumni, que conseguiram cerca de 104 milhões de euros em investimento e financiamento. https://www.ubi.pt/Noticia/8142

Porém, daquela universidade que em 2025 se conseguiu tornar na 7ª (sétima) cientificamente mais competitiva, como foi demonstrado pela sua entrada, pela primeira vez na sua história, para o prestigiado ranking Shanghai, proeza essa que muito se ficou a dever ao elevado desempenho dos investigadores de medicina e de gestão, muito dificilmente se esperaria que também conseguisse estar entre os primeiros 7 lugares do ranking das universidades nacionais mais empreendedoras, objectivo impossível de alcançar com um reduzido valor de apenas 104 milhões de euros, pois nos sete primeiros lugares desse ranking estão universidades, cujas startups conseguiram ultrapassar a marca dos 1000 milhões de euros em investimento e financiamento.  

A dura realidade é que um financiamento total de 104 milhões de euros distribuídos por 66 startups dá um valor médio de apenas 1.6 milhões de euros, abaixo daquilo que é o desempenho do Polit. de Leiria e muitíssimo abaixo do desempenho do Polit. do Porto https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/11/univ-de-lisboa-uma-noticia-sobre-um-1.html

EU predicts AI supremacy online in 2026 and human writing pushed to the margins

https://pancouver.ca/more-than-half-of-new-articles-on-the-internet-are-being-written-by-ai-is-human-writing-headed-for-extinction/

The article referenced above, authored by Francesco Agnellini from Binghamton University and published yesterday, cites a recent study conducted by Graphite. This study analyzed over 65,000 randomly selected articles and reports that, as of 2025, more than 50% of newly published English-language web content is generated by AI. Notably, as early as 2022, the European Union projected that as much as 90% of online content may be synthetically generated by 2026, indicating that this prediction was remarkably prescient https://op.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/b844aa2b-dbd4-11ec-a534-01aa75ed71a1/language-en 

It is crucial to emphasize that the Graphite study may underrepresent the true prevalence of AI-generated content online. This underestimation stems both from the relatively small sample size and from limitations in detection tools, which can misclassify human-authored articles assisted by AI as purely human-written. Let us not forget that, just nine months ago, Dirk Spennemann, in his study, estimated that 30–40% of online content is AI-generated, highlighting the rapid proliferation of synthetic text. Taken together, these observations suggest that the actual share of AI-influenced content may be considerably higher than reported. 

Agnellini’s article is significant because it highlights a paradox at the heart of today’s digital landscape: while AI increasingly saturates the web with unprecedented volumes of text, what may become rarer—and consequently more valuable—are the authentic human voice, genuine originality, and intentional stylistic expression. His reflections rightly underscore the dangers of eroding creativity, diversity, and the singularity of human expression. Yet they neglect a more alarming danger: the spiraling loop of AI-generated content feeding upon itself. This self-referential drift raises a critical question: if what we call “originality” becomes increasingly absorbed into algorithmic patterns and human creativity slowly recedes into the background, must we not ask whether the internet will continue to embody the human condition—or whether it is evolving into a reflective surface that reveals nothing but machines interpreting themselves?

Update after 7 days — The top 7 countries showing the highest foreign interest in this post are the USA, the Netherlands, Ireland, South Africa, Australia, Sweden, and Saudi Arabia.

Universidades e Politécnicos conseguem finalmente igualar a Universidade de Oxford, mas isso ainda é muito insuficiente

A imagem disponível aqui mostra a produção anual percentual de livros académicos de todas as universidades e politécnicos Portugueses, selecionados para indexação na conhecida plataforma Scopus, comparativamente aos livros indexados produzidos na pequena Universidade de Oxford. Os resultados revelam que Portugal necessitou de uma década e meia para conseguir subir de uma percentagem terceiro mundista de apenas 30% até finalmente conseguir igualar a produção daquela conhecida universidade inglesa.  

Quem está de parabéns — como se evidencia no ranking reproduzido abaixo, que apresenta as instituições mais (e menos) produtivas ao longo da última década e meia — são a Universidade de Aveiro e a Universidade do Minho, pois a sua produção ponderada, tendo em conta o respetivo número de ETIs, ultrapassa de forma expressiva os rácios da Universidade de Lisboa e da Universidade do Porto. Estão igualmente de parabéns vários Institutos Politécnicos, que de forma bastante meritória exibem um desempenho superior ao de diversas universidades. E merecem também destaque os professores e investigadores da área da engenharia, cuja produção representa quase 30% de todos os livros indexados.

Tendo, porém, em conta que que a soma de todos os professores e investigadores das universidades e politécnicos de Portugueses é mais do dobro do número de professores e investigadores da universidade de Oxford, isso significa que as universidades e politécnicos Portugueses, tem a “obrigação” de conseguir produzir o dobro dos livros indexados produzidos por aquela universidade inglesa (vide excepção mencionada no post scriptum), nem que para isso seja preciso esperar mais uma década e meia. Para o efeito, é necessário que, dediquem menos energias a publicações avulsas, de relevância e impactos nulos, que como demonstrei em posts anteriores, já produzem em notório excesso.  

Ranking de produção total de livros indexados entre 2010 e 2024

1 – U.Lisboa…………..404 

2 – U.Aveiro……………269

3 – U.Minho……………239

4 – U.Porto…………….234

5 – U.Nova…………….195

6 – U.Coimbra………..194

7- ISCTE……………….101

8 – I.P.Porto……………..64

9 – UBI……………………51

10 – U.Évora……………48

11 – U.Católica…………46

12 – UALG………………42

13 – IPCA………………..37

14 – UTAD………………32

15 – U.Aberta…………..26

16 – I.Pol. Leiria……….25

17 – U.Lusófona……….23

18 – I.Pol. Coimbra…..16

19 – U.Madeira………..15

20 – I.P.Setúbal………..13

21 – I.P.Bragança……..13

22 – U.Açores………….13

23 – I.P.Lisboa………….11

24 – I.Pol. Viseu……….10

25 – I.P. V. Castelo……..9

26 – I.Pol. Portalegre….5

27 – I.Pol. Tomar………..5

28 – U.F. Pessoa………..5

29 – I.P. Guarda…………5

30 – I.P. C. Branco……..5

31 – I.P. Beja……………..2

PS – Quando se olha apenas para os livros indexados, produzidos nos últimos três anos, na área da I.Artificial (amostra essa que não por acaso é liderada pela universidade do Minho) constata-se que as universidades e politécnicos Portugueses já conseguem duplicar a produção da universidade de Oxford, mas essa honrosa excepção talvez se fique a dever à hipótese que formulei num post destinado somente aos meus muitos leitores estrangeiros https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/11/the-deepening-roots-of-portuguese.html

Germany’s Underperformance and the Rising AI Obsession Among Portuguese Researchers

https://pachecotorgal.com/2025/11/23/the-portuguese-paradox-outperforming-giants-with-minimal-research-resources/

Continuing from the previous post linked above—which highlighted Portugal surpassing several of Germany’s leading universities across multiple scientific fields—it is worth celebrating yet another remarkable achievement: in 2024, Portugal ranked 15th worldwide for Scopus-indexed AI publications per million inhabitants, while Germany occupied the 20th position.

A recent and thorough search of the Scopus database reveals an even more striking portrait of Portugal’s rapid ascent in the field of artificial intelligence. In absolute terms, Portugal now produces more AI publications than countries such as Denmark, Belgium, Norway, or Finland. When taking population into account, Portugal has made a remarkable ascent to 8th place among the world’s top ten countries in terms of AI publications per million inhabitants, achieving a ratio that is an impressive 65% higher than that of Germany.

What accounts for this remarkable surge? Perhaps it is the unexpected rapid ascent of a new Portuguese hero—Virgílio Bento. A young PhD with an audacious vision, he founded Sword Health, a company that now commands dozens of AI patents and uses artificial intelligence to confront one of humanity’s oldest afflictions: pain. With more than 600,000 patients already helped and a valuation surpassing $4 billion, Sword Health has become far more than a successful startup. Forged through rigorous research, real-world impact, and bold entrepreneurial vision, the company has risen as a shining beacon for Portuguese researchers.

Update after 4 days —The top 7 countries showing the highest foreign interest in this post are the USA, Germany, Japan, Ireland, Australia, Sweden, and the Netherlands.

Inteligência artificial: Portugal ultrapassa a produção científica da Dinamarca, da Bélgica, da Noruega e da Finlândia

Uma pesquisa efectuada ontem na conhecida base de dados Scopus, que é de acesso reservado apenas à comunidade científica, revela que em termos globais nos últimos 3 anos o nosso pequeno país conseguiu produzir mais publicações indexadas na área da Inteligência artificial, do que a Rússia, país que segundo a OCDE tem quase 17 vezes mais investigadores do que Portugal, e também mais publicações do que as produzidas pela Bélgica, Dinamarca, Noruega e Finlândia, que segundo dados do EUROSTAT, e sem qualquer surpresa também possuem mais investigadores do que o nosso pobre país. 

Quando se calcula o rácio de publicações por milhão de habitantes, constata-se que Portugal aparece em 8º lugar a nível mundial, o que significa uma subida de duas posições relativamente ao seu desempenho de há um ano atrás, vide final do post acessível no link https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/11/instituicoes-de-ensino-superior-que.html

As explicações para essa elevada produção poderão ser várias, mas é possível que uma delas seja a inspiração que foi trazida pelo jovem doutorado da U.Aveiro, que na minha opinião vale infinitamente mais do que o Ronaldo, e cujas investigações na área da IA permitiram o aparecimento de uma empresa extremamente valiosa, a todos os níveis. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/11/o-jovem-doutorado-portugues-que-vale.html

E mesmo que da referida obsessão não nasçam novos unicórnios na área da IA, quem sabe se finalmente Portugal deixa de ser conhecido apenas como um país que exporta especialistas do pontapé e da cabeçada, campeonato liderado por países pobres da África e da América do Sul e consegue subir na cadeia de valor, passando também ser conhecido como um país exportador de talento na área da IA, até porque é mais do que evidente que Portugal nunca conseguirá reter esse talento, já que no nosso país um investigador, doutorado, no nível inicial, recebe muito menos do que recebem os pouco talentosos boys (e girls) que “trabalham” nas altamente deficitárias empresas públicas e a nível mundial, como revela a revista The Economist, a procura por esse talento está cada vez mais feroz https://www.economist.com/finance-and-economics/2025/09/25/the-ai-talent-war-is-becoming-fiercer

Relativamente ao desempenho das universidades e politécnicos nacionais, que mais contribuíram para o superior desempenho internacional do nosso país, apresenta-se abaixo uma lista que fornece a referida informação. Quando se compara o teor da mesma, com aquela outra que divulguei há um ano atrás, constata-se, por exemplo, que entre as primeiras posições a Univ.Minho e a Univ.Aveiro conseguiram ultrapassar a Univ.Coimbra. 

Já relativamente às instituições politécnicas, não surpreende o resultado do Instituto Politécnico do Porto, que não só apresenta um desempenho superior ao de várias universidades, de maior dimensão e com mais financiamento, mas é ainda aquela a que pertence uma publicação sobre IA e imagens biomédicas, a mais citada produzida nos últimos 3 anos em Portugal, pois esta instituição é um caso sério de competitividade a nível nacional, sendo tão ou mais surpreendente o resultado do Politécnico de Leiria, pela sua pequena dimensão, que fiquei recentemente a saber, conta até com a colaboração de investigadores estrangeiros que se doutoraram em universidades reputadas, como por exemplo o Geoffrey Robert Mitchell, que trabalhou na universidade Cambridge, com qual partilho o facto de ambos integrarmos o Editorial Board de uma revista científica na área da engenharia. 

Ranking de publicações científicas indexadas sobre IA produzidas nos últimos 3 anos:

Univ. do Porto…………….244   publicações

Univ. de Lisboa…………..182    

Univ. do Minho……………148        

Univ. de Aveiro……………113           

Univ. de Coimbra………..108          

Univ. Nova…………………102          

ISCTE………………………….87              

UTAD…………………………84            

Inst. Pol. do Porto………..75             

Univ.  Beira Interior………53        

Inst. Pol. de Leiria………..35                

Inst.Pol. de Bragança…..34            

UALG………………..…….….27      

Inst. Pol. de Lisboa………22             

Inst. Pol. de Coimbra…….25          

IPCA…………………………..22            

U.de Évora………………….16              

Inst. Pol. de Portalegre….15              

Inst. Pol. Santarém……….14           

Inst. Pol. de Setúbal……..13              

Univ. da Madeira………….13           

Inst. Pol. de V.Castelo…..11          

Univ. Aberta…………………11         

Inst. Pol. da Guarda………9           

Inst. Pol. de Viseu…………8              

Inst. Pol. de Tomar………..7                 

Inst. Pol. de C.Branco……3          

Univ. dos Açores……………2              

Inst. Pol. de Beja……………2          

The Portuguese Paradox: Achieving Superior Performance to Germany’s Top Universities with Minimal Resources

The recent 2025 Shanghai Ranking by subject area reveals striking patterns. In several disciplines, Portuguese institutions outperform multiple top German universities. In Civil Engineering, three Portuguese universities surpass the highest-ranked German institutions; in Food Science & Technology, three Portuguese universities again exceed their top German counterparts; and in Textile Science & Engineering, one Portuguese university ranks within the global top 25, while no German institution appears. These examples are not isolated—Portugal surpasses Germany in several other scientific fields as well.

These findings reveal a striking and thought-provoking paradox: Portugal ranks among the countries investing the least in research—public spending per capita is 600% lower than in Germany, according to EUROSTAT—yet its universities, operating with far fewer financial, infrastructural, and human resources than even Germany’s top institutions, achieve markedly higher efficiency and impact in these fields. How can such exceptional research performance emerge under such severe and enduring resource constraints?

PS – Particularly striking is the performance in Textile Science & Engineering, where the University of Minho, through the work of its research centre 2C2T, has established itself as the leading institution in Europe.

Update after 7 days —The top 7 countries showing the highest foreign interest in this post are the USA, Japan, the Netherlands, Ireland, Germany, Canada and the UK.

Quais as áreas cientificas onde Portugal em 2025 conseguiu ficar à frente da Alemanha ?

https://pachecotorgal.com/2025/11/19/a-universidade-de-coimbra-e-a-campea-nacional-de-perda-de-competitividade-cientifica-no-ranking-shanghai-por-areas/

Na sequência do post anterior, acessível no link supra, sobre o ranking Shanghai por áreas de 2025, post esse em cuja parte final revelei o nome de uma área científica, onde a melhor Universidade Alemã tem uma classificação inferior à de três instituições nacionais, apresenta-se abaixo a lista de todas as áreas científicas e bem assim as instituições a que pertencem essas áreas. Nessa lista é possível constatar que as instituições com mais mérito são a universidade do Minho e a Universidade do Porto, que aparecem cada uma com três áreas científicas. 

Engenharia Civil…………………….ULisboa, UMinho e UPorto

Ciência e Tec. Alimentar………….UPorto, Pol. Bragança, UMinho

Engenharia Oceânica……………..ULisboa, UPorto

Engenharia Têxtil…………………..UMinho

Gestão Hoteleira…………………….UALG

E qual será a receita do sucesso das supracitadas áreas científicas nacionais, que foram capazes de alcançar aquilo que prestigiadas universidades alemãs não conseguiram, mesmo dispondo estas últimas de recursos financeiros muito superiores?

Mas se a resposta residir na presença de elevado talento nas supracitadas áreas científicas, como poderá Portugal conseguir reter esse talento, tendo em conta a “guerra” internacional que existe por esse mesmo talento, a qual e ao que tudo indica está cada vez mais feroz ? 

Não é por acaso que o último número da revista da Ordem dos Engenheiros (OE), Nº190, que foi publicado ontem, é dedicado precisamente ao talento, no qual se pode ler, seja no artigo do Bastonário da OE, seja no artigo do presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência, que o grande desafio de Portugal é, e continuará a ser, a retenção de talento.

PS – Sobre a retenção de talento científico no nosso país, recordo novamente a proposta que fiz há vários anos atrás, e que mencionei há pouco tempo neste post aqui https://pachecotorgal.com/2025/11/16/desta-vez-nao-me-resta-outra-alternativa-senao-defender-a-catedratica-fortunato/

Ranking Shanghai por áreas 2025 – Univ. do Porto é campeã do crescimento e a Univ. de Coimbra é a campeã do afundamento

O prestigiado ranking Shanghai por áreas, divulgado ontem, revela que apenas as universidades de Lisboa, Porto, Minho e Algarve, bem como o Politécnico de Bragança, conseguem a proeza extraordinária de possuir áreas científicas entre as 100 mais competitivas a nível mundial: https://www.shanghairanking.com/rankings/gras/2025

U.Lisboa………….5 (perdeu três áreas no top 100 face a 2003)

U.Porto……………4 (quadriplicou o número de áreas no top 100 face a 2023)

U.Minho………….3 (aumentou uma área no top 100 face a 2023)

UALG……………..1 (manteve o número de áreas no top 100 de 2023)

Pol. Bragança…..1 (manteve o número de áreas no top 100 de 2023)

Para lá dos parabéns que são devidos à universidade do Porto, pelo seu elevado desempenho, é lamentável que a Universidade de Aveiro, que no ano passado estava representada no Top 100, tenha perdido essa presença; e é também lamentável que várias universidades públicas não tenham conseguido igualar o feito do Politécnico de Bragança. A Universidade de Aveiro tem ainda mais razões para se lamentar, pois foi a instituição nacional que, face a 2024, perdeu mais áreas no top 500 deste ranking. Seja como for, em termos de quebra de competitividade, a campeã nacional é a Universidade de Coimbra, que desde 2019 perdeu quase 60% das suas áreas científicas neste prestigiado ranking.

Declaração de interesses – Declaro que nada tenho contra a universidade de Coimbra, instituição onde estive matriculado (1987-1992) na licenciatura em engenharia civil (que na altura tinha uma impressionante duração média de 14,8 anos) e depois disso também no mestrado (pré-Bolonha). Felizmente, que posso constatar que a referida área da engenharia civil é em 2025 uma das duas mais competitivas da universidade de Coimbra no ranking Shanghai. 

PS – O ranking Shanghai por áreas é extremamente importante, porque mostra que existem áreas científicas nas universidades nacionais (e no Politécnico de Bragança) que são tão competitivas a nível mundial que, só por pura ignorância, alguém pode optar por estudar no estrangeiro em áreas onde algumas instituições portuguesas apresentam uma competitividade científica muitíssimo superior. Por exemplo, quem escolha qualquer universidade alemã para ir frequentar um curso na área de Ciência e Tecnologia Alimentar fá-lo apenas e tão somente por ignorar que, nessa área, nenhuma universidade alemã conseguiu entrar no Top 100 do ranking mundial — feito que, em Portugal, é alcançado pela Universidade do Porto, pelo Politécnico de Bragança e pela Universidade do Minho.

Quem são os investigadores que mais contribuíram para o sucesso da universidade acelerada a esteroides

https://pachecotorgal.com/2025/09/09/a-universidade-acelerada-por-esteroides/

Há poucos meses atrás, ficou-se a saber que, pela primeira vez na sua história, a Universidade da Beira Interior conseguiu entrar no Top 1000 do prestigiado ranking Shanghai Global — o único a nível mundial que contabiliza prémios Nobel. E, no passado mês de setembro, após uma análise ás publicações indexadas mais citadas daquela instituição, produzidas durante os últimos cinco anos, escrevi que esse resultado se devia, em primeiro lugar, aos investigadores da área de Economia e Gestão, com o triplo do impacto das engenharias e, acima de tudo, aos investigadores (acelerados a esteroides) da área da Medicina, com um impacto dez vezes superior ao das engenharias. Vide post no link supra.

Pois bem, hoje que foram revelados os importantes resultados do ranking Shanghai relativo às 500 áreas científicas, mais competitivas do mundo, fica-se a saber que a minha análise expedita revelou-se bastante premonitória pois aquela universidade consegue colocar duas áreas entre as mais competitivas do mundo, precisamente nas áreas da Gestão e da  Medicina Clínica. Esta última consegue aliás algo que nem a Universidade do Minho nem a Universidade de Aveiro conseguiram  https://www.shanghairanking.com/rankings/gras/2025

Infelizmente, ainda não foi desta que alguma área de engenharia daquela universidade tenha conseguido a proeza de estar representada entre as 500 áreas mais competitivas do mundo. Uma panorama que é radicalmente diferente de outras instituições, como por exemplo a Universidade do Minho, onde as áreas das engenharias são absolutamente dominantes e representam 75% das áreas científicas daquela universidade no referido ranking. 

PS – Faço notar que a metodologia utilizada pelo supracitado ranking Shanghai por áreas sofreu alterações desde o ano passado face aos anos anteriores, quando era baseado apenas em 5 critérios relacionados com publicações e citações, pois agora há novos critérios que contabilizam inclusive o número de investigadores altamente citados e também os lugares de Editor Chefe em revistas científicas internacionais.