Incêndios na Península Ibérica: A indignação inflamada dos Espanhóis e a passividade apagada dos Portugueses

Enquanto muitos milhares de portugueses enfrentam há várias semanas a tragédia dos incêndios, o lamentável primeiro-ministro Luís Montenegro considerou que esta seria a altura perfeita para anunciar, durante a festa do Pontal, um investimento de dezenas de milhões de euros no desporto de luxo da Fórmula 1. Desgraçadamente, a reação dos portugueses a esse anúncio infame foi de inércia e passividade, como se não fosse suficientemente chocante ver o primeiro-ministro em festa numa altura tão trágica. Em total contraste, ali ao lado, na vizinha Espanha, os incêndios levaram à rua milhares de espanhóis que exigem a demissão dos responsáveis políticos daquele país. https://ileon.eldiario.es/actualidad/multitudinaria-concentracion-leon-exigir-emergencia-nacional-incendios-dimision-responsables-junta_1_12542175.html

Acresce que desperdiçar dezenas de milhões de euros na Fórmula 1 – precisamente um desporto que celebra a queima de combustíveis fósseis – é um insulto político e ambiental. Num tempo em que se pede aos cidadãos que reduzam emissões de gases com efeito de estufa (como através do IUC, que penaliza os veículos com maiores níveis dessas emissões), o Governo decide apostar precisamente no oposto: num espetáculo altamente poluente, que é incoerente com os compromissos climáticos que Portugal assumiu conjuntamente com a União Europeia. E numa altura em que o Interior deste país arde de alto abaixo, devido a ondas de calor extremas e secas cada vez mais severas — sinais claros das alterações climáticas — sendo agora desgraçadamente o país europeu com a maior percentagem de território queimado, tal opção não é apenas um erro grave — constitui ainda uma irresponsabilidade de politica a roçar o crime culposo.

Declaração de interesses – Declaro que em 2020 já tinha criticado o desperdício incompreensível de dinheiros públicos em “desportos” de queima de combustíveis, no post de título “Um espectáculo criminoso pago com o dinheiro dos contribuinteshttps://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/um-espetaculo-criminoso-pago-com-o.html

PS – A negligência criminosa com que este e outros Governos tem tratado o Interior deste país não é alheia ao facto daqueles que vivem no Interior serem cidadãos de segunda-classe, já que o seu voto vale muitíssimo menos do que o voto de alguém que vive em Lisboa, vide post de Janeiro de 2022 sobre um sistema eleitoral viciado https://pachecotorgal.com/2022/01/31/um-sistema-eleitoral-viciado/

Portugal consegue aumentar o número de universidades no mais prestigiado ranking mundial

https://pachecotorgal.com/2024/08/15/a-universidade-lisboeta-que-uma-vez-mais-vergonhosamente-se-afunda-no-prestigiado-ranking-shanghai/

Há semelhança do que acontece todos os anos, o dia 15 de Agosto é aquele em que o ranking Shanghai sobre as 1000 melhores universidades do mundo é tornado público. Este ano os resultados para as universidades Portuguesas são praticamente os mesmos do ano passado, vide post acessível no link supra, com uma honrosa excepção, pela primeira vez, a UBI, acaba de entrar neste ranking para a posição 901-1000, dessa forma ajudando Portugal a ter no referido ranking o mesmo número de universidades da Irlanda e mais uma do que a Dinamarca.

Exactamente como sucedeu no ano passado, Portugal só conta com 3 universidades nos primeiros 500 lugares, facto que como expliquei nessa altura se fica dever aos elevados cortes no financiamento da investigação. Sem surpresa o artigo no El Pais sobre o desempenho de Espanha (país que tem 36 universidades nesse ranking, sendo que 10 dessas aparecem no top 500), também refere a importância desse financiamento https://elpais.com/educacion/2025-08-15/sorpasso-en-el-ranking-de-shanghai-china-y-taiwan-ya-tienen-mas-universidades-que-ee-uu-en-los-500-primeros-puestos.html

É claro que o financiamento explica muito mas não explica tudo, porque em Portugal há universidades com financiamento muito superior a outras, como é por exemplo o caso da Universidade Nova de Lisboa, que durante vários anos esteve no top 500, mas que há poucos anos se começou a afundar no referido ranking, estando agora na posição 701-800. E quando a explicação não passa pelo montante de financiamento, terá forçosamente, goste-se ou não,  de passar pela falta de competência

Aliás sobre o desempenho da Universidade Nova, recordo que em 2020 quando aquela universidade deixou de estar no Top 500, sem que nenhum dos seus responsáveis explicassem a razão de ser desse resultado, comparei esse comportamento aquilo que sucede na Finlândia, onde um Vice-Reitor se mostrou muito preocupado, pelo facto da Universidade de Helsínquia, ter descido ligeiramente da posição 57 para 63 https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/o-que-e-que-distingue-as-universidades.html

Ainda no presente contexto, recordo que em 2018, o então Reitor da Universidade de Coimbra, questionado pelo jornal Público, pelo facto da sua universidade ter deixado de estar entre as 500 melhores do mundo, afirmou na altura publicamente, estar convencido que em 2019 voltaria a reentrar nesse grupo. Irónica e trágicamente, isso não aconteceu nem 2019, nem em 2020, nem em 2021, nem em 2022, nem em 2023, nem em 2024, e nem agora em 2025. 

E porque será que a universidade católica, que tem um orçamento superior ao da universidade de Aveiro e muito superior ao da UBI, a mesma cujas propinas do curso de medicina custam mais de 1600 euros por mês, não consegue entrar no Top 1000 do ranking Shanghai ? 

PS – Recordo que actualmente a Universidade de Lisboa ainda beneficia de ter tido um Nobel da Medicina há várias décadas atrás, embora cada vez menos, até ao dia, cada vez mais próximo, em que esse beneficio seja nulo, vide post “As quedas inevitáveis da universidade de Lisboa no prestigiado ranking Shanghai” https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/as-descidas-da-universidade-de-lisboa.html

Será que estão a aumentar as classes sociais pouco instruídas em Portugal?

“…Cerca de 11% da população total da Alemanha é vegetariana. Mais surpreendente é o facto de 52% da população da Alemanha…ser aquilo a que a literatura científica designa por flexitarian…não come carne durante pelo menos três dias por semana…consumir muita carne naquele país é cada vez mais identificado como um hábito das classes sociais menos instruídas

O texto supra, extraído de um artigo do jornal Público, foi por mim reproduzido num post de 19-09-2019, e tendo em conta que agora, num artigo publicado na última revista do semanário Expresso, se pode ler que em 2024, cada Português consumiu em média 124 kg de carne (40% de aves, 35% de porco, 17% de bovinos, 8% outros tipos), o que representa mais do dobro do consumo médio de um Alemão, é caso para questionar se esse facto não constitui uma resposta à questão que dá título ao presente post ?

Independentemente dessa resposta, felizmente porém que há centenas de milhares de Portugueses, quase 10% da população, mais mulheres do que homens, que fazem parte do grupo, composto por veganos, vegetarianos e ou flexitarianos https://www.publico.pt/2024/04/10/impar/noticia/dez-portugueses-veggie-mulheres-continuam-liderar-2086520?utm_source=chatgpt.com

PS – Mas se infelizmente Portugal consome em termos médios muitíssimo mais carnes vermelhas do que o valor que é recomendado pela OMS, valha-nos ao menos para compensar, o facto de termos um consumo médio de frutas e produtos hortícolas, que é superior ao valor mínimo recomendado pela mesma OMS e um dos maiores valores da União Europeia https://www.cap.pt/noticias-cap/alimentacao-e-consumo/portugal-bem-classificado-no-consumo-diario-de-frutas-e-produtos-horticolas?utm_source=chatgpt.com

As confusões (morais) de um conhecido e eficiente catedrático da universidade de Lisboa

Num artigo publicado no caderno de economia do semanário Expresso, o antigo presidente do IST, o catedrático Arlindo Oliveira, escreve que há uma obrigação moral para usar a IA por conta da eficiência que ela promove e vai ao ponto de afirmar que essa obrigação não é só das empresas mas também do Estado Português. Aquilo que ele porém se esqueceu foi de esclarecer qual o artigo ou artigos da Constituição da República Portuguesa (CRP) que permitem perceber essa obrigação moral. Ou talvez o referido catedrático deseje uma revisão da CRP para que a eficiência possa no futuro passar a ter o mesmo valor das obrigações morais vertidas na mesma, que incluem por exemplo, a dignidade da pessoa humana,  o direito à vida, à integridade pessoal, à liberdade e segurança etc etc. 

A eficiência é importante, mas esperemos que neste país não se chegue ao ponto (de com o apoio do Chega) ela seja elevada a uma tal categoria. De mais a mais, a adopção cega de IA, motivada por uma obsessão pelo aumento da eficiência, pode sim contribuir para violar várias obrigações morais vertidas na referida CRP, como seja por exemplo a automatização de serviços públicos, que pode muito facilmente excluir cidadãos idosos, ou com baixa ou mesmo nula literacia digital, pois recorde-se que Portugal possui ainda no século XXI, algumas centenas de milhares de pessoas analfabetas, ou como seja por exemplo pela utilização da IA na determinação de benefícios sociais, que correu de forma tão dramática na Holanda, quando mais de 26 000 famílias foram injustamente acusadas de fraude e que levou à queda do Governo e ao pagamento de mais de mil milhões de euros em indemnizações a essas familias  https://observador.pt/opiniao/o-algoritmo-que-derrubou-um-governo/

Pessoalmente e no que diz respeito à IA acho que o ex-presidente do IST, devia estar menos ocupado a produzir sentenças avulsas sobre moralidade (uma área em que já se percebeu não é especialista) e muito mais preocupado com o dilema que enfrenta o actual presidente do IST, e que noutros países já se reflecte na fuga dos estudantes do ensino superior, por conta da elevada probabilidade da sua formação se tornar redundante, muito antes ainda daqueles a terem terminado, vide artigo publicado há poucos dias na Forbes https://www.forbes.com/sites/victoriafeng/2025/08/06/fear-of-super-intelligent-ai-is-driving-harvard-and-mit-students-to-drop-out/

PS – Ou talvez o catedrático Arlindo Oliveira não tenha ainda alcançado os dilemas morais, que agora se levantam aos recém-diplomados, relativamente aos quais um artigo publicado na conhecida revista The Economist, afirmou que estão “lixados” (screwed) https://pachecotorgal.com/2025/06/19/a-tragedia-dos-milhoes-de-recem-diplomados-sem-trabalho-e-os-engenheiros-que-valem-muitos-milhoes/

My letter to the editor of the Journal of Informetrics criticising the paper “From ‘Sleeping Beauties’ to ‘Rising Stars’

See below the text of my letter criticizing the thesis proposed by J. Gorraiz, the author of the paper, who is affiliated with the University of Vienna.

J. Gorraiz’s recently published paper presents a conceptually stimulating and metaphor-laden examination of the ideological foundations of bibliometrics, tracing their origins to religious, moral, and philosophical traditions. While such a reflective approach is thought-provoking, the paper suffers from several substantive limitations—particularly when read in light of ongoing debates surrounding the practical utility, cost-efficiency, and predictive power of bibliometric tools in research evaluation.

The paper’s central thesis—that bibliometrics derive from religious and philosophical traditions—is built on an extended metaphorical scaffolding. Citations are likened to divine judgment, H-indexes to spiritual tallies, and “sleeping beauties” to secular miracles. While these metaphors may have rhetorical appeal, they ultimately distract from more pressing empirical and methodological issues. There is no engagement with recent literature on field-normalized citation metrics, responsible metric frameworks (such as the Leiden Manifesto or DORA), or citation dynamics in different disciplines. Nor does the paper propose concrete methodological or policy alternatives. The result is a text rich in allegory but impoverished in evidence, leaving readers without clear guidance for improving bibliometric practice.

Gorraiz asserts that a low citation count does not imply irrelevance; it may reflect novelty. While this claim holds some truth, the argument is selectively framed and omits crucial empirical counterevidence. Notably, he fails to mention the robust findings from Clarivate Analytics, whose “Citation Laureates” methodology—based on identifying papers with exceptionally high citation counts (over 1,000)—has successfully predicted more than 70 Nobel Prize winners. Moreover, it is worth recalling the analysis by Traag and Waltman (2019), which demonstrated that citation-based metrics exhibit a strong correspondence with expert peer review assessments, particularly in fields such as Physics, Clinical Medicine, and Public Health.

These findings collectively suggest that, far from being inherently unreliable, well-calibrated citation metrics can serve as a meaningful and practical complement—or, in some contexts, a viable alternative—to traditional peer review in the evaluation of research performance. These results strongly suggest that novelty and high citation impact are not mutually exclusive, and in fact, may often coincide. By disregarding this evidence, the paper constructs a false dichotomy between citation count and originality, while ignoring one of the most compelling demonstrations of bibliometrics’ predictive capacity.

A still more consequential omission in the author’s analysis lies in the near-total absence of engagement with the underlying economic rationale for the widespread adoption of bibliometric tools. While the discussion frames citation indicators primarily as symbolic gestures or ritualistic artefacts within the academic system, it largely overlooks their pragmatic role as scalable and cost-efficient proxies in research evaluation—particularly in contexts where peer review faces severe logistical and financial constraints. Peer review, though indispensable in certain contexts, is notoriously resource-intensive: national research assessments such as the UK’s Research Excellence Framework (REF) have incurred costs exceeding £250 million per evaluation cycle. Similar pressures are evident in hiring processes, tenure reviews, and grant allocation panels, all of which require substantial investments of time, coordination, and expert labour.

Crucially, empirical evidence undermines the dismissive treatment of bibliometrics: Abramo et al. (2019) demonstrated that citation-based indicators not only outperform peer review in predicting subsequent scholarly impact, but also exhibit increasing predictive accuracy over time. These findings bring into sharp relief the structural trade-offs between speed, cost, and precision that evaluation systems must navigate. Bibliometric measures—despite their well-known limitations—offer reproducible, transparent, and broadly applicable screening mechanisms capable of alleviating the evaluative burden on human reviewers. Any critique that ignores these economic and operational realities, while failing to articulate a credible alternative framework, risks producing an analysis that is philosophically stimulating yet practically inert in the policy and administrative domains where evaluation decisions are actually made.

Which approach is more detrimental to the progress of science: implementing a hybrid model of abbreviated peer review augmented by quantitative metrics—thereby conserving substantial financial resources—or relying exclusively on comprehensive, resource-intensive peer review protocols that allocate those funds away from direct research support? Moreover, how might the latter paradigm exacerbate inequities in research assessment for low-income countries, which lack the financial capacity to underwrite such costly evaluation processes?

Finally allow me to provide you with some insights into my homeland, Portugal, which has experimented with both approaches. In a prior Portuguese research assessment conducted in 2013, the international experts serving on the evaluation panels enjoyed complete autonomy. They had the freedom to evaluate research units through on-site visits and also had access to a comprehensive bibliometric analysis, utilizing data from Scopus, which was expertly conducted by Elsevier and generated a range of valuable metrics (Publications per FTE, Citations per FTE, h-index, Field-Weighted Citation Impact, Top cited publications, National and International Collaborations).

However, in recent years, we experienced a shift in perspective, with a Science Minister who shared similar sentiments with those critical of bibliometrics. During the most recent research assessment in 2018, which involved the evaluation of 348 research units comprising nearly 20,000 researchers, the Evaluation Guide clearly dictated that absolutely no metric could be used by the panels (note that all panels were composed by international experts, 51 from UK, 21 from USA, 17 from Germany, 17 from France, 11 from The Netherlands, 8 from Finland, 8 from Ireland, 7 from Switzerland, 6 from Sweden, 5 from Norway and also from other countries).

Nonetheless, once the research assessment had concluded, I conducted an extensive search through all the reports across various scientific areas. What I discovered was that the reviewers assigned significant importance to the quantity of publications and the perceived “quality” of journals, even though such considerations were expressly prohibited by the Evaluation Guide. I found that “publications”, “quartiles” and even “impact factors” were mentioned in the assessment reports more than 500 times. Meaning that in the absence of any metric the international experts (somewhat ironically) decide to use the worst of them all. Such findings lend strong support to the observations of Morgan-Thomas et al. (2024), who noted that the historically robust association between journal rankings and expert evaluations persists unabated, despite institutional endorsements of the principles articulated in DORA. This enduring pattern underscores a profound tension between formal evaluative guidelines and the implicit heuristics that experts continue to apply in practice.

Actualização de recordes mundiais na área da engenharia civil

Depois ter procedido à devida confirmação, já acrescentei mais dois novos recordes aos três anteriores, na pataforma internacional de registo de currículos de investigadores https://orcid.org/0000-0001-7767-6787

World records in the field of civil engineering:

1 – Highest number of edited Scopus-indexed books
2 – Highest ratio confirmed revisions/(years since PhD)
3 – Most cited book in the field of alkali-activated binder-based materials
4 – Most cited book in the field of recycling construction and demolition wastes
5 – Most cited book in the field of bio-based construction and building materials

Europe Under Fire: The Wrath of Tyrants and Tech Titans Threatening Its Survival

Giuliano da Empoli, an Italian-Swiss political essayist and professor at Sciences Po Paris, gave an extensive interview today to a major Portuguese newspaper about his latest book, The Hour of the Predator: Encounters with the Autocrats and Tech Billionaires Taking Over the World. Since the article is behind a paywall, I thought it would be helpful to share a brief summary in the form of three key excerpts from the interview:

“To simplify, there are two major possibilities…either we manage to impose democratic rules and our way of life onto the digital dimension of life; or the absence of rules, the law of the strongest, and the jungle law of today’s digital world will impose themselves on our private lives, our democracies, and our public life. In the first case, we will continue to have a democratic future; in the other, we will cease to have a democratic future”

I believe this is a very humiliating moment for Europe and Europeans. European integration was once, to some extent, the model that others looked up to—but that is no longer the case. And we are powerless and, at least in part, unable to defend ourselves.

The one thing all predators have in common is attacking Europe. Every day. Trump, Putin, Musk, Zuckerberg… Which means we bother them. We’re an obstacle to their plans. I believe we should become an even greater one”

Giuliano da Empoli may be right to draw attention to Europe’s vulnerabilities when confronting autocrats and tech billionaires. Yet, he may also overlook the deeper significance of the European project as a remarkable civilizational leap. As Michio Kaku noted decades ago, “the European Union is the beginning of a Type I economy… these European countries, which have slaughtered each other ever since the ice melted 10,000 years ago… they have banded together, put aside their differences to create the European Union.”This perspective suggests that, despite its vulnerabilities, the European project embodies a commitment to transnational cooperation and long-term resilience, serving as a testament to humanity’s capacity for reconciliation and collective purpose—an audacious step toward planetary maturity. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/the-role-of-academia-towards-type-1.html

PS – Regarding da Empoli’s book, I’d like to emphasize that his thesis resonates with another work I mentioned earlier on this blog in early July. At that time, I argued that in this particular context, “it becomes all the more urgent—indeed, imperative—that academia, as the last bastion of critical inquiry and intellectual integrity, reaffirms its uncompromising commitment to truth as a non-negotiable principle https://pachecotorgal.com/2025/07/13/book-world-builders-we-are-entering-a-new-civilizational-stage-where-the-distinction-between-reality-and-fiction-is-collapsing/

Um jovem investigador com apenas 24 anos contratado por 250 milhões de dólares

Informa um recente artigo publicado no New York Times, que o jovem investigador Matt Deitke, acaba de ser contratado por um valor estratosférico, que usualmente só é pago a algumas poucas estrelas do desporto. https://www.nytimes.com/2025/07/31/technology/ai-researchers-nba-stars.html

Uma consulta à sua produção científica na conhecida plataforma Scopus, mostra que apesar de ainda só ter 7 publicações científicas, a verdade é que as mesmas já receberam centenas de citações o que corresponde a um K-index=37 (na plataforma scholar google que é bastante menos selectiva do que a Scopus, possui já vários milhares de citações). O seu artigo mais citado Objaverse: A Universe of Annotated 3D Objects” recebeu quase 400 citações na Scopus em apenas dois anos, um desempenho absolutamente excepcional, que muitos académicos não conseguem alcançar nem sequer ao fim de várias décadas. Em termos comparativos a conhecida catedrática Elvira Fortunato, que até chegou a ser apontada como candidata a um prémio Nobel, tem um nível de citações médio por publicação de 38, enquanto que o jovem Matt Deitke, tem um nível de citações médio por publicação que é três vezes superior ao daquela catedrática.

PS – Em 2018, um conhecido cientista Alemão, Ulrich A.K. Betz, Vice-Presidente da Merck, afirmou não compreender que um investigador de topo ganhasse muito menos do que um futebolista de topo, felizmente que bastaram apenas 7 anos para agora termos investigadores a ganhar mais do que muitos futebolistas de topo. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/celebrar-quem-efectivamente-o-merece-no.html

Engenharia Civil em Portugal – Os 20 livros indexados mais citados de sempre

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/engenharia-civil-actualizacao-sobre-os.html

Passados que estão quatro anos sobre a lista (supra) correspondente aos vinte livros mais citados na base Scopus, que foram produzidos por professores e investigadores de unidades de investigação da área da engenharia civil em Portugal, segue agora abaixo a nova lista actualizada em 1 de Agosto de 2025. A mesma permite constatar que alguns títulos deixaram de constar no Top 20 para darem lugar à entrada de quatro novos competidores, três de estruturas e um de materiais de construção, mas os três primeiros lugares mantem-se inalterados. E tendo em conta que a diferença de citações do primeiro para o segundo lugar (aproximadamente o dobro) daqui a quatro anos o primeiro lugar ainda continuará inalterado, até porque uma projecção para 2029, mostra que nessa altura o primeiro lugar terá o triplo das citações do segundo lugar. 

1º – Handbook of Alkali-Activated Cements, Mortars and Concretes 
2º – Handbook of Recycled Concrete and Demolition Waste    
3º – Design of Steel Structures   
4º – Eco-Efficient Concrete  
5º – Mechanics and strength of materials   
6º – Fibrous and Composite Materials for Civil Engineering Applications  
7º – Toxicity of building materials  
8º – Seismic Design of Concrete Buildings to Eurocode 8    
9º – Infrastructure public-private partnerships   
10º – Nano and biotech based materials for energy building Efficiency  
11º – Sustainable Construction Materials: Copper Slag  
12º – Historic Construction and Conservation Materials, Systems and Damage
13º – Biotechnologies and Biomimetics for Civil Engineering    
14º – Cost-Effective Energy Efficient Building Retrofitting   
15º – Finite Element Analysis for Building Assessment
16º – Design Solutions and Innovations in Temporary Structures   
17º – Advances in Construction and Demolition Waste Recycling: 
18º – Eco-efficient Repair and Rehabilitation of Concrete Infrastructures 
19º – New trends in eco-efficient and recycled concrete  
20º – Eco-efficient materials for mitigating building cooling needs  

PS – Entre as várias universidades com mais títulos na lista supra, estranhamente a Universidade do Porto não possui um único, o que faz prova de uma singular incapacidade. 

O dilema do Presidente do Técnico: Como conseguir transformar docentes naquilo que eles não querem ou não conseguem ser

“…os professores, deixaram de ser os únicos mediadores entre o saber e…os estudantes…a IA passou a converter esse conhecimento em explicações personalizadas, diálogos pedagógicos…a partir de agora, ao professor não basta o papel de expor informação: o seu papel principal passa a ser o de…reconfigurar o espaço educativo…torna-se mentor…e modelo inspiracional.” https://www.publico.pt/2025/07/28/ciencia/opiniao/professor-40-2140146

O clarividente texto supra faz parte de um artigo sob o título “O professor 4.0” do actual Presidente do IST, a tal instituição que se arroga ser a maior escola de engenharia de Portugal. Aquilo que porém o artigo não esclarece é como é que agora as universidades cujo corpo docente foi contratado privilegiando a transmissão de conhecimento, os vai agora conseguir “reciclar” para que se consigam transformar em modelos inspiracionais. 

Neste contexto faz sentido recordar que no Instituto Superior Técnico trabalham professores cuja “pedagogia” muito dificilmente conseguirá algum dia inspirar qualquer aluno, muito antes pelo contrário. Aliás, há três anos atrás o jornal Público revelou declarações de professores daquela instituição que fazem prova disso mesmo: 

“não vou explicar porque não vai perceber” 

“Quem não teve mais de 15…pode sair e trabalhar no Pingo Doce” 

E quais serão os requisitos básicos para um professor universitário conseguir inspirar alunos ? Será que professores que não possuem os valores morais mencionados aqui conseguem inspirar alunos ? Ou pior do que isso, será que professores culpados de assédio moral e ou sexual ou que utilizam expressões insultuosas conseguem inspirar alunos ?

PS – O artigo do Presidente do Técnico parece ter esquecido dois pequenos pormaiores, em primeiro lugar, que por melhor que seja um professor, a utilização do modelo “pedagógico” baseado em anfiteatros com centenas de alunos é uma receita fossilizada que não consegue competir nem de perto nem de longe com a tutoria individual, “…An influential paper from 1984 by Benjamin Bloom, an educational psychologist, found that one-to-one tutoring both improved the average academic performance of students” e por outro lado, que vários estudos mostraram que a IA generativa consegue ser mais empática e motivacional do que tutores humanos, vide por exemplo o estudo de investigadores do prestigiado ETH Zurich https://arxiv.org/abs/2506.08702