O cúmulo do cinismo__”Dinheiro público para universidades é um luxo injustificável”

Um recente artigo na última edição da conhecida revista The Economist, evidencia admiração pelo facto das universidades não estarem a provocar um crescimento incessante em termos de produtividade https://www.economist.com/finance-and-economics/2024/02/05/universities-are-failing-to-boost-economic-growth

Essa premissa já evidenciava ignorância, se tivesse sido produzida há uma dezena de anos. Desde logo mostra que o autor do artigo, não tem memória ou nem sequer “fez o trabalho de casa“, pois senão saberia que em 2022 a sua revista publicou um artigo, onde se podia ler que nem sequer as universidades mais ricas deste Planeta tinham dinheiro suficiente para contruírem supercomputadores, a frase chave nesse artigo, era que as universidades já não eram capazes, nessa área, de acompanhar o ritmo tecnológico das empresas  https://pachecotorgal.com/2022/06/15/academia-at-the-gates-of-technological-irrelevance/

Mas o artigo é particularmente ignorante, em face do novo mundo que se abriu com a explosão (leia-se dávida) da omnipresente IA generativa, (e qualquer dia também omnisciente e omnipotente), vide post sobre a mudança da missão universitária em face dos desafios trazidos pela mesma https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/01/the-economistai-generated-content-is.html

Mas se as universidades já não conseguem acompanhar o ritmo tecnológico das empresas, o que é que elas ainda estão à espera para se dedicarem a fazer aquilo que as empresas não podem, não conseguem, ou simplesmente não querem fazer (porque não dá lucro)?, pergunta essa que em 2022 deu título a este post aqui https://pachecotorgal.com/2022/06/14/when-will-academia-stop-focusing-on-what-the-industry-already-does-and-start-focusing-on-what-the-industry-does-not-want-or-cannot-do/

O artigo da revista The Economist, termina com uma frase particularmente ignorante” In a world of weak economic growth, lavish public support for universities may come to seem an unjustifiable luxury”. Rotular a falta de crescimento económico como uma questão primordial (e culpar as universidades por isso) é uma posição profundamente cínica e hipócrita. O problema deste Planeta reside antes na distribuição insuficiente dos abundantes benefícios gerados por esse (alegadamente baixo) crescimento econômico. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/can-190-million-usd-threshold-be.html

A parte trágica é que foi precisamente a obsessão com um crescimento económico ilimitado (que alegadamente deveria ser potenciado pelas universidades), que nos trouxe ao limiar de um apocalipse climático, o mesmo apocalipse a que a imprensa Portuguesa só deu a devida importância em Novembro de 2021 https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/barbara-reis-finalmente.html não tendo sido certamente por acaso que o professor em questão, mencionado nessa noticia, foi mencionado logo no primeiro post do meu primeiro blogue em 18-09-2019  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/facing-disaster-great-challenges.html 

Pertinente e fundamental neste contexto é o artigo de dois professores catedráticos (de uma universidade da Finlândia e de outra no Reino Unido) que cometei no meu blogue no inicio de 2022, que dá a “receita” para que possamos sair do apocalipse, onde o tal (famigerado) crescimento económico ilimitado nos meteu: “…The triple conjuncture of climate change and ecological breakdown, global pandemic, and neoliberal economic globalization speak to a Great Implosion, and while the pandemic will eventually end, responses to it have created a precedent. Dramatic action is now urgently needed by all—from governments, financial entities, corporations, communities, households, and individuals…without it our nightmares may become realities”