Ainda sobre um post anterior, de Agosto do ano passado, onde se escreveu sobre a influência do Nobel Egas Moniz na classificação da universidade de Lisboa no conhecido ranking Shanghai, o único ranking a nível mundial, que convém realçar, contabiliza prémios Nobel (e também o único que um documento da União Europeia associa à excelência científica), é pertinente analisar a evolução, desde 2018, dos critérios do referido ranking para a universidade de Lisboa. Na mesma o 1º critério (Alumni) não é apresentado porque o valor é nulo em todos os anos.
A mencionada imagem síntese, comprova que a universidade de Lisboa têm melhorado ligeiramente a produção de artigos científicos, porém isso não tem sido suficiente para compensar a descida noutros critérios e é isso que explica que em 2021 a referida universidade tenha caído do grupo 151/200 para o grupo 201/300. Uma despromoção evidente a que a imprensa curiosamente evitou dar destaque, como era aliás o seu dever, muito provavelmente porque este Governo não gosta de ler más notícias. Não só não gosta de ler sobre más noticias como por vezes até chega ao extremo vergonhoso de negar estatísticas oficiais.
Ainda sobre o referido ranking Shanghai, é impressionante a forma omissa e até mesmo bastante incompetente, como há dois dias atrás a imprensa Portuguesa noticiou a classificação das universidades Portuguesas naquele ranking. Em boa verdade porém a realidade é bastante diferente do lindo cenário cor de rosa que foi “noticiado” aqui https://www.publico.pt/2022/08/15/sociedade/noticia/seis-universidades-portuguesas-mil-melhores-mundo-2017234
Interessa por isso muito pouco saber que há 6 universidades Portuguesas no top 1000 do ranking Shanghai deste ano, como deu conta a imprensa, pela simples razão que há países como a Nigéria, o Paquistão ou a Etiópia, que também tem universidades no grupo das mil melhores e Portugal, que eu saiba, não ambiciona ter o mesmo nível de desenvolvimento (científico ou outro) daqueles pobres países.
A única realidade que interessa é por isso somente aquela que faz uma avaliação temporal do desempenho das universidades Portuguesas no referido ranking, para se perceber se há aumento ou há diminuição da competitividade científica das nossas universidades, e assim se conseguir saber se estamos mais próximos ou mais longe do desempenho das universidades de países mais ricos, realidade essa através da qual se consegue perceber aquilo que imprensa não revelou:
1º – Que a universidade do Porto conseguiu ter melhor resultado de sempre, entrando no grupo 201-300
2º – Que a universidade do Minho conseguiu manter-se no Top 500.
3º – Que a universidade de Aveiro conseguiu voltar a entrar no Top 500, onde tinha saído em 2019
4º – Que a universidade de Lisboa não conseguiu voltar ao lugar que teve naquele ranking até 2020.
5º – Que a universidade de Coimbra e a Universidade Nova (a Universidade da Ministra Elvira Fortunato) mais uma vez, não conseguiram, o objectivo de voltarem a entrar no Top 500.
6º – Que a Alemanha tem três dezenas de universidades no Top 500 (já para nem falar das 4 no Top 100) e a própria Espanha (e também a Coreia do Sul) têm lá 11 universidades e Portugal têm apenas 4 !
Será que os Portugueses não merecem um jornalismo que não os trate como se fossem semi-analfabetos ? E porque é que os senhores jornalistas não foram perguntar aos Reitores das Universidades de Coimbra e da Nova, qual o motivo porque essas universidades não foram capazes de voltar a fazer parte do grupo das 500 melhores do mundo ? E porque é que a Coreia do Sul, que em 1974 era um país muito mais pobre do que Portugal, consegue ter uma universidade entre as 100 melhores do mundo e a melhor universidade Portuguesa nunca conseguiu entrar sequer no grupo das 150 melhores ? Será que é porque em Portugal, ao contrário da Coreia do Sul, e como afirmou um dos melhores cientistas Portugueses, existe uma “burocracia cuidadosamente arquitetada para defender os interesses da mediocridade instalada” ?