Uma pesquisa no google pelos termos “Leão” e “ISCTE” devolve um anormal número de noticias e artigos de opinião, sobre aprovação pelo Ministério das Finanças do anterior Governo, de um financiamento de um projecto, no valor de 5 milhões de euros, a ser executado pelo ISCTE, e o qual irá ser gerido pelo anterior Ministro das Finanças, que agora é Vice-Reitor nessa instituição.
Por um lado, não estou a ver qual é a grande admiração, de eventualmente, o Governo ter favorecido o ISCTE, porque sempre o fez no passado e nunca isso suscitou grandes alaridos. Até porque constato que os críticos das opções do Governo, resumem-se basicamente a dois tipos, ou são de direita (invejosos do sucesso socialista) ou são ignorantes, porque não sabem que o ISCTE é a instituição de ensino superior onde há mais docentes auto-excelentes. Absurdo seria que o Governo favorecesse por exemplo a universidade de Aveiro, que relativamente ao ISCTE tem apenas metade da percentagem de docentes auto-excelentes.
É absolutamente hipócrita, o estrondoso chinfrim por causa de uns míseros 5 milhões de euros, quando há na Academia Portuguesa situações muito mais graves, porquanto violadoras da lei (algo que não sucedeu com o caso supracitado), envolvendo centenas de milhões de euros. Atente-se por exemplo nos 529 docentes mencionados, num post de 5 de Julho de 2021, que custarão só na próxima década mais de 250 milhões de euros. Ou atente-se nas declarações mencionadas num post de 2 de Agosto de 2021, que dizem respeito a um elevado número de docentes, cuja remuneração total representa mais de mil milhões de euros. Faz algum sentido tanta berraria por conta de 5 milhões, quando se assobia ao cochicho, relativamente à duvidosa legalidade de quantias muitíssimo superiores ?
Que moral tem o PSD (o partido que tem deputados que admiram o cadastrado Isaltino Morais), para agora, qual ofendida virgem, exigir idas ao Parlamento, quando na realidade se trata do mesmo desavergonhado partido, que se juntou ao PS para aprovar a lei “Anti-Carlos Alexandre” ? Ou será que esta polémica só surge porque favorece pessoas ligadas a um único partido, enquanto que as ilegalidades mencionadas acima, como favorecem pessoas ligada a todos os partidos, já não merecem igual reprovação ?
PS – E porque será, que em comparação, foi muitíssimo inferior, o número de noticias e artigos de opinião, sobre os últimos desenvolvimentos acerca das negociatas do Sr. Vieira e a sua divida de 500 milhões ao Novo Banco (que os contribuintes pagarão), que levaram o Director Público, a escrever que o nosso país “continua sujeito à gestão danosa ou ao devorismo, sem que a Justiça seja capaz de os travar. Um caldo de privilégios e impunidade que amarra o país à pobreza”?
Pacheco-Torgal 