O resultado da análise de 60 milhões de invenções e as previsões até 2028

A conhecida firma Clarivate Analytics (a mesma que já conseguiu acertar no nome de mais de 70 prémios Nobel) acaba de revelar, após uma análise exaustiva de mais de 60 milhões de invenções, a lista das 100 empresas mais inovadoras do Planeta, o relatório pode ser descarregado a partir do link https://clarivate.com/blog/top-100-global-innovators-for-2024-revealed-report/

No referido relatório, entendo como especialmente relevante a imagem da página 19 e que diz respeito a uma previsão do comportamento dos países mais inovadores para os anos 2025, 2026, 2027 e 2028. Atente-se no extraordinário desempenho da Coreia do Sul, país que a partir do próximo ano vai passar a liderar a referida lista e aí permanecerá.

Recorde-se que se trata da mesma Coreia do Sul que em 1974 tinha um PIB/capita miserável de 563 dólares, quando o PIB de Portugal era quase 400% superior, mas que entretanto foi ultrapassado pelo da Coreia do Sul e um dia destes, a continuar a este imparável “ritmo”, será apenas metade daquele, e depois apenas um terço. A isto, passar de uma vantagem de quase 400% para um valor negativo, mesmo depois de Portugal ter recebido da Europa mais de 150.000 milhões de euros, só pode apelidar-se de incompetência atroz.

Note-se que uma única empresa da Coreia do Sul, a Samsung, gasta em investigação muito mais do que o Governo Português e todas as empresas Portuguesas juntas. Aquilo que temos no nosso país é muitas empresas que alegam que fazem investigação, unicamente para poderem pagar menos impostos, com abatimentos no IRC que chegaram a mais de 80% da matéria colectável e que até incluíram fundos de capital de risco.

No presente contexto, volto a repetir a questão que formulei em 18 de Agosto de 2021, “faz algum sentido que o Governo ande a empobrecer a Academia (palavras do Reitor da ULisboa) para com esse dinheiro subsidiar com centenas de milhões de euros, todos os anos, alegadas investigações levadas a cabo em empresas, e pasme-se até mesmo em bancos ?”

Ao invés de se andar a ofertar avultados subsídios a empresas, a pretexto das mesmas levarem a cabo alegadas actividades de investigação (cujo valor acrescentado até pode ser nulo), fará muito mais sentido que essas verbas sejam muito melhor aproveitadas a financiar grupos de investigação, com provas dadas em termos de criação de empresas tecnológicas internacionalmente competitivas.

PS – Sobre as lamentações de um conhecido catedrático jubilado, no respeitante ao mau desempenho de Portugal no ranking da inovação mundial e sobre a lição (divulgada pela conhecida The Economist) que os Governos Portugueses, desgraçadamente, ainda não conseguiram aprender vale a pena revisitar o post anterior.