GPT-4 projecta, planeia e executa experiências complexas sem qualquer ajuda

Hoje na página 26 do jornal Público, é objecto de divulgação um artigo científico, que foi recentemente publicado na prestigiada revista Nature, sob o título “Autonomous chemical research with large language models” e que a referida revista divulgou de forma algo exuberante, alegando que o mesmo é capaz de fabricar conhecidos medicamentos, como o paracetamol e a aspirina https://www.nature.com/articles/d41586-023-04073-4

A dada altura (em má hora), a jornalista do Público, escreve que O artigo científico…foi co-escrito com a ajuda do GPT-4, porém tal não procede, porque uma consulta ao artigo original, mostra que os autores utilizaram o GPT-4 (a versão paga por quem a pode pagar), unicamente para melhorar a gramática do texto, o que não é, bem vistas as coisas, e em bom rigor a mesmíssima coisa.

Porém eles até podiam ter utilizado o GPT-4 para escrever a introdução do tal inovador artigo, porque como divulguei no passado dia 2 de Dezembro, uma equipa de investigadores da universidade de Stanford, mostrou que o GPT-4 consegue escrever introduções de artigos que até são melhores do que aquelas que são feitas por humanos https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/12/chatgpt-4-outperform-human-researchers.html

E também podiam ter utilizado o mesmo GPT-4, para fazer a revisão do referido artigo, porque investigadores da mesma universidade de Stanford, desenvolveram uma ferramenta baseada no GPT-4, que consegue fazer revisões, que estão ao mesmo nível das revisões efectuadas por humanos, vide post do dia 1 de Novembro https://pacheco-torgal.blogspot.com/2023/11/stanford-researchers-unveil-chatgpt-4.html

Faço porém notar, que aquilo que hoje é divulgado pelo jornal Público, já tinha sido previsto no passado mês de Setembro, num artigo publicado na conhecida revista The Economist, onde já então se podia ler, que a IA generativa iria não só revolucionar a ciência mas também acelerar o ritmo das descobertas, sendo que na minha opinião, e como escrevi nessa altura, uma das consequências, mais evidentes e mais gravosas dessa “revolução” é a de contribuir para agravar a já de si grave, desigualdade económica mundial, fazendo com que os países pobres fiquem ainda mais pobres https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/09/the-economist-ai-can-accelerate.html

PS – Felizmente que há coisas que o omnipotente ChatGPT (ainda) não consegue fazer, como seja por exemplo, projectar a composição de um betão https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/06/chatgpt-ensina-como-projectar-um-betao.html