Não sendo apoiante do Dr. Rui Rio, que no passado mês de Novembro critiquei por ter cobardemente recusado realizar debates dom o Paulo Rangel. E que tinha criticado em Setembro do ano passado, por conta daquele muito pouco civicamente ter admitido que também gosta de pisar no acelerador. E ainda antes disso em Abril de 2020, por conta de umas asneiras que então lhe sairam da boca.
Subscrevo porém inteiramente a sua posição sobre a prisão perpétua, nos mesmos moldes em que é praticada na Alemanha, com possibilidade de reavaliação periódica e também em muitos outros países, até mais civilizados e mais seguros do que Portugal, como por exemplo na Nova Zelândia, país que em 2020 aplicou essa pena a um individuo que matou 51 pessoas e tentou matar muitas mais.
Dizem alguns hipócritas que o nosso país não tem prisão perpétua desde 1884 como sendo um sinal de humanismo, como se alguém pudesse acreditar que Portugal, logo o mesmo país cujos bravos soldados em pleno século 20 massacraram centenas de civis, incluindo mulheres e crianças em Wiriamu tivesse alguma moral para encher a boca para falar de humanismo. Isso não é humanismo é apenas a hipocrisia e a velhacaria de alguns políticos a falar.
Acresce ainda que a inexistência de prisão perpétua em Portugal, que actualmente permite que alguém que mate 40, 50 ou mesmo 100 pessoas (e tenha-se presente que no século 21 é muito mais fácil matar centenas de pessoas do que o era em 1884) passados apenas 20 anos possa estar soltinho da silva não é humanismo é apenas um insulto aos familiares das vitimas e diz muito da falta de valores de Portugal que o sistema de justiça do nosso país esteja muito mais preocupado com alguém que mate dezenas de pessoas do que com as suas vitimas e os familares daquelas. Da mesma maneira como ultimamente esse sistema de justiça mostrou estar muitíssimo mais preocupado com o bem estar do Dr. Salgado do que com aqueles muitos que foram lesados por ele.
A verdadeira e única razão porque muitos políticos não querem ouvir falar de prisão perpétua é porque isso abre a porta a aumentar o cúmulo jurídico actual de apenas 25 anos (possibilidade que no mês passado foi defendida por um juiz desembargador) e de isso permitir um aumento de todas as penas, desde logo as penas dos crimes de corrupção, exactamente como já existem na vizinha Espanha, país onde há corruptos a cumprir penas dezenas de anos de cadeia. https://www.publico.pt/2018/05/24/mundo/noticia/justica-espanhola-condena-barcenas-a-33-anos-de-prisao-e-pp-por-beneficios-no-caso-gurtel-1831942 que é coisa que há muito faz falta a Portugal.
Pacheco-Torgal 